quarta-feira, 24 de julho de 2013

Vozes do Sul: entrevista com Raewyn Connell



Entrevista de Raewyn Connell a Cynthia Hamlin e Frédéric Vandenberghe, realizada em Caxambu-MG, em 25 de outubro de 2011. Originalmente publicada em Cadernos Pagu, 40, jan/jun 2013. 


Raewyn Connell é professora titular de sociologia na Universidade de Sydney, Austrália. Autora de mais de 20 livros e 150 artigos, sua obra inclui temas tão diversos como educação, classe, sexualidade e gênero, violência, teoria global, metodologia e até poesia. Especialmente conhecida por seu trabalho pioneiro sobre masculinidades - seu Masculinities, de 1995, foi traduzido em 13 línguas e é hoje o trabalho mais citado da área em todo o mundo - as contribuições de Connell a numerosas áreas da sociologia renderam-lhe prêmios importantes, como o da Sociedade Australiana de Sociologia e da Associação Sociológica Americana.

O nomadismo temático que lhe é característico revela, entretanto, uma preocupação que confere certa unidade à sua obra: o estabelecimento de relações entre estruturas sociais de larga escala, ações coletivas e experiências pessoais. De fato, as relações entre teoria, prática e empiria são tão evidentes em seus trabalhos que, com frequência, tem-se a impressão de se estar diante de uma espécie de grounded theory. Mas é por meio de seu olhar recente sobre a teoria social, numa sociologia do conhecimento informada por aquilo que ela chama de "perspectiva do Sul global", que se pode compreender melhor sua ênfase nessas relações: para a autora, diferentemente do que ocorre na metrópole global, a produção do conhecimento na periferia seria menos contemplativa, mais orientada pelos movimentos sociais. Embora atribua isso, em parte, ao sistema universitário mais frágil dos países periféricos, essa característica não deve ser tomada em seu sentido puramente negativo: ao se partir de experiências comuns a países pós-coloniais da América Latina, do Sudeste da Ásia, da África e da Oceania, pode-se obter uma melhor compreensão da estrutura econômica, da situação cultural e dos problemas sociais desses países do que por meio das "teorias do norte".

Em conferência realizada no 35º Encontro Anual da Anpocs (A Revolução Vindoura na Teoria Social), em 2011, Connell explorou as possibilidades do desenvolvimento de uma ciência social genuinamente global a partir de seu livro Southern Theory (2007). Como organizadores do GT de Teoria Social da Anpocs, decidimos convidá-la para desenvolver algumas das questões apresentadas em sua conferência ao final das atividades regulares do GT. Embora originalmente pensada como uma conversa informal com a autora, a estrutura de pergunta e resposta da conversa terminou permitindo sua publicação no formato apresentado aqui. Somos extremamente gratos pela oportunidade. Agradecemos ainda a Cecília E. B. Soares pela transcrição do original, em inglês, e a Sérgio Tavolaro e Renata Motta, por contribuírem com as duas últimas questões, respectivamente. A tradução do inglês é de Cynthia Hamlin.

Para ler a entrevista completa, clique aqui.

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